
Presidente do PS Lisboa demite-se para evitar “ataques” ao partido após acusação do Ministério Público
Davide Amado envolvido em acusação sobre esquema que terá lesado a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em mais de € 1 milhão. Eleito em outubro para o PS Lisboa, sai agora para travar mais polémica sobre casos no PS, mas mantém presidência da Junta de Alcântara. Marta Temido é a número 2
O presidente da concelhia do PS em Lisboa, Davide Amado, demitiu-se esta segunda-feira do cargo. Foi o próprio a anunciá-lo, através de uma nota publicada nas redes sociais, em que recusa “qualquer admissão de culpa” na acusação que lhe é imputada pelo Ministério Público, de participação económica em negócio e abuso de poder.
A notícia da acusação a Davide Amado foi avançada este domingo pela TVI/CNN e dá conta das suspeitas de um esquema montado por um grupo empresarial que terá lesado a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em mais de um milhão de euros. Em causa estão ajustes diretos, feitos entre 2012 e 2014, que ascendem a dois milhões de euros, e a criação de mais de uma dezena de empresas, que – diz a acusação citada pela TVI/CNN – serviam para passar uma “falsa aparência de concorrência”.
Davide Amado foi eleito presidente da concelhia socialista em Lisboa no início de outubro do ano passado e diz agora que não tem condições para continuar no cargo. “Entendo ser meu dever não permitir que estes factos se transformem num ataque ao Partido Socialista, motivo – o único – pelo qual apresentei ao Presidente da CPC [Comissão Política Concelhia] o meu pedido de demissão da presidência da Concelhia de Lisboa.”
A sucessão de casos no Partido Socialista, sobretudo no Governo, empurraram Amado para a decisão, num momento relevante para o PS em Lisboa, sensivelmente a meio do mandato de Carlos Moedas, que “roubou” a Câmara de Lisboa aos socialistas. Davide Amado era uma das principais figuras a tentar criar um projeto político alternativo em Lisboa, que ficaria altamente fragilizado com uma acusação deste tipo.
É por isso que Amado repete, no comunicado, que a decisão serve para defender o PS. “No momento atual que vivemos, toda a suspeição é utilizada como arma de arremesso contra os partidos políticos”, o que “exige a minha consciência e sentido de militância”.
Apesar da demissão, Davide Amado garante inocência. “Sem qualquer admissão de culpa, reafirmando a confiança de quem não deve e não teme, e a serenidade de quem confia na Justiça”. E mais: mantém-se como presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, uma das 13 do PS em Lisboa.
A saída do atual presidente da concelhia deixa a liderança interina à número 2 da lista que venceu em outubro: a ex-ministra da Saúde Marta Temido.