Tribunal de recurso confirma que Santander tem de pagar €43 milhões a CEO que convidou mas não contratou

Tribunal de recurso confirma que Santander tem de pagar €43 milhões a CEO que convidou mas não contratou

  06 Feb 2023

Dias depois de apresentar os lucros mais altos de sempre, o banco espanhol Santander é confrontado com uma nova sentença judicial que, embora reduza o valor em 15%, o obriga a pagar indemnização a Andrea Orcel

O Banco Santander saiu derrotado do recurso que apresentou contra Andrea Orcel, o gestor que convidou para presidente executivo e que depois desconvidou, há já cinco anos. Ainda assim, nesta segunda sentença judicial sobre o caso que levou Ana Botín a falar em tribunal, o montante a pagar foi reduzido, sobretudo na parcela que diz respeito à indemnização por danos morais e reputacionais.

O valor total que o Santander deverá pagar é de 43,4 milhões de euros, de acordo com a sentença conhecida esta segunda-feira, 6 de fevereiro, da Audiencia Provincial de Madrid, tribunal de recurso, citada pela imprensa espanhola. O valor corresponde a uma diferença de 8 milhões de euros, ou 15%, face à decisão de primeira instância da justiça espanhola.

A primeira sentença dividiu os montantes a pagar entre várias parcelas: 17 milhões de euros pelo bónus inicial; 35 milhões de euros por incentivos a longo prazo; 5,8 milhões de euros pela remuneração anual a receber por dois anos; 10 milhões de euros de indemnização por danos morais e reputacionais; resultando em 67,8 milhões. Porém, o juiz da primeira instância acabou a corrigir a sua própria sentença para 51 milhões, por mexer nos incentivos a longo prazo que ficaram por pagar, passando-os para 18,6 milhões de euros.

Agora, a decisão da Audiencia Provincial de Madrid, tribunal de recurso, mexeu na parcela da indemnização por danos morais e reputacionais, que passa de 10 milhões para 2 milhões de euros, o que coloca o total nos referidos 43,4 milhões de euros.

Segundo o jornal espanhol Cinco Días, os juízos do recurso judicial consideram que o valor era “puramente subjetivo e aleatório”, não havendo provas concretas de uma “gravidade especial” na situação “pessoal ou profissional” de Orcel. Ainda assim, falam num “elevado grau de frustração”.

Pode haver novo recurso

A decisão ainda pode ser alvo de novo recurso para o supremo tribunal de justiça espanhol, mas ainda não foi possível obter uma reação do Santander. O FT sublinha, com uma fonte anónima, que o grupo que em 2022 obteve o maior lucro da história (9,6 mil milhões de euros) está a considerar o recurso.

Com Merrill Lynch, Bank of America e UBS no currículo (a passagem pelo Santander não está no Linkedin), Orcel lidera hoje o Unicredit. O FT cita um comunicado do banqueiro em que sublinha que este caso de que é protagonista é sobre “a importância de atuar com honestidade e integridade”. “Estou satisfeito por a sentença de hoje refletir verdade e justiça ao provar indubitavelmente, pela segunda vez em tribunal, que houve uma violação grave do contrato pelo Santander”.

Naquela que é uma das maiores polémicas na governação da banca europeia, Orcel acusa o Santander de quebra de contrato, que o fez sair do UBS e abdicar do bónus (que seria compensado pelo banco espanhol), ao passo que o Santander argumenta que não havia um contrato quando desistiu da contratação, nem decisão final. O Santander deixou cair o nome devido ao salário milionário que estava acordado.

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