
Rio Ave – Sporting. Só Chermiti aqueceu outra noite fria longe de Alvalade
A equipa de Amorim voltou a fazer uma exibição muito desinspirada fora de casa, mas o jovem de 18 anos deu a vitória (1-0) com um golo aos 84 minutos, no único remate enquadrado com a baliza adversária que os leões fizeram. Bellerín e Diomandé estrearam-se
Eram quase 23h00 de segunda-feira em Portugal continental e o Sporting ainda não tinha feito um remate enquadrado com a baliza do Rio Ave. Morita tivera um tiro ao lado, Pote acertou na barra, mas Jhonatan ainda não tinha sido forçado a fazer qualquer defesa.
Talvez pelo frio a que Rúben Amorim fez referência na conferência de imprensa prévia ao embate, porventura em protesto contra os absurdos horários para os quais se marcam partidas da I Liga em Portugal, se calhar simplesmente pela “bipolaridade” de que o técnico diz que a sua equipa padece, a noite em Vila do Conde assemelhava-se a outras desta temporada vividas — ou melhor, sofridas — no Bessa, na Póvoa de Varzim, em Arouca, no Funchal. Longe do conchego da sua casa de Alvalade, tudo soa a desconforto para os leões, que chegaram a esta jornada sendo apenas a sétima equipa com mais pontos somados enquanto visitante.
No entanto, se a falta de inspiração, alguma apatia, imprecisões e erros técnicos variados uniam esta noite com outras sob a condição de forasteiro na temporada, desta feita houve uma novidade. Eram quase 23h00 de segunda-feira em Portugal continental — vale a pena realçar esta circunstância, que por diversas vezes repetida não se torna menos problemática — quando um passe longo de Gonçalo Inácio encontrou Youssef Chermiti, a tal diferença em relação aos serões passados, em posição de finalizar na área.
O jovem avançado de 18 anos recebeu a bola, que nem lhe ficou em posição perfeita para finalizar, saindo o remate algo enrolado. Mas Jhonatan não conseguiu defender e, no único remate do Sporting enquadrado com a baliza rival em quase 100 minutos de partida, foi feito o 1-0 final. Quase no final de uma exibição muito distante do nível mostrado há poucos dias contra o Sporting de Braga, a aura de otimismo, energia e entusiasmo trazida pelo dianteiro aos verde e brancos foi o único aquecedor da partida.
O primeiro tempo rapidamente deu sinais dos múltiplos erros e imprecisões do jogo do Sporting. Tanto se via Pote a fazer maus passes em boas posições para criar perigo, como Edwards a desperdiçar a chance de isolar o melhor marcador de 2020/21 com uma má decisão; as escorregadelas eram abundantes e afetavam St. Juste ou Esgaio; entre os 34’ e os 36’, no espaço de poucos segundos, vimos St. Juste a falhar um passe sem estar pressionado, Inácio a colocar a bola nos pés de Baeza e Ugarte a oferecer uma oportunidade a Fábio Ronaldo.
No festival de falta de inspiração do Sporting, só Morita, com um remate ao lado aos 23’, esteve perto do golo. Do outro lado, o Rio Ave chegou à partida fiel à imagem que se tem dos vila-condenses, querendo e conseguindo ter bola, sempre com Guga com a batuta, mas também sem se aproximar de Adán. O nulo ao intervalo teve tanto de pouco emocionante como de consequente com o visto em campo.
A segunda parte começou com o primeiro remate enquadrado com as balizas do embate. Aos 53’, beneficiando de hesitações defensivas de St. Juste e Inácio, Boateng isolou-se, mas Adán evitou o golo dos locais.
Para os lisboetas, a noite continuava fria e apática, envolta em passes sem acerto, receções em que a bola não era amiga dos pés, lances desperdiçados por erros aparentemente básicos. Amorim fez entrar Trincão e Arthur para os lugares de Edwards e Nuno Santos e, pouco depois, Pote acertou na barra num excelente remate de pé esquerdo, mas os minutos iam passando e as jogadas de qualidade continuavam a escassear.
Aos 75′, foi Jovane Cabral a entrar, juntando-se ao desacerto geral dias depois de não ter saído para Espanha por questões burocráticas. Fatawu, lançado aos 56′ da final da Taça da Liga contra o FC Porto, nem no banco esteve.
Até que o relógio já se aproximava das 23h00 de segunda-feira em Portugal continental. Chermiti recebeu, ajeitou e marcou pela primeira vez pela equipa principal do Sporting. O último golo oficial do adolescente fora a 28 de maio de 2022, num Sporting – Alverca do campeonato de juniores. Passados 254 dias, o festejo foi um belo testemunho gráfico de como a energia do jovem aqueceu a noite de Vila do Conde.
Chermiti correu para celebrar abraçado com os adeptos, levando com ele os companheiros, tanto os que estavam no campo, como os que se encontravam no banco. O que era um dia de erros e desinpiração passava a ser um desenlace de triunfo, uma comunhão entre relvado e bancada, com abraços de calor contra o frio que se sente longe de Alvalade.
Até final, Bellerín e Diomandé estrearam-se pelo Sporting. Os verde e brancos vão para o clássico contra o FC Porto a sete pontos dos campeões nacionais, que se encontram na milionária segunda posição, a qual dá acesso direto à Liga dos Campeões.