
“Partiu sem sofrer”: morreu o pequeno Tomás “Batazu”
A luta de Tomás começou há cerca de ano e meio, quando lhe foi diagnosticada uma forma rara de leucemia. No final do ano passado, tornou-se viral o apelo da “família Batazu”. Precisavam de 350 mil euros para pagar um tratamento inovador e conseguiram-nos em, apenas, quatro dias. Tomás estava na China a fazer o tratamento mas não resistiu. “O nosso filho já não está entre nós e partiu sem sofrer!”.
Foi a família quem deu a notícia que ninguém queria. “O nosso filho já não está entre nós”. O pequeno Tomás morreu esta quarta-feira na China, onde estava a fazer tratamento a uma forma de leucemia rara – Leucemia Mieloide Aguda – contra a qual lutava há mais de um ano.
“O nosso filho já não está entre nós e partiu sem sofrer! Ainda teve nos seus últimos momentos um toque de génio! ‘O pai e a mãe são os meus gummy bears!’ E foram as suas últimas palavras de amor para nós!”, escreveu a família na página de Instagram.
“[O Tomás] deu-nos uma lição de vida de como estar sempre alegre e pronto para lutar! Vamos ter muitas saudades das tuas malandrices e traquinices! Vamos ter saudades de vires à nossa cama! Vamos ter saudades dos teus sonhos e objetivos de ir aos restaurantes preferidos! Vamos ter saudades de tudo! Um beijinho grande do pai, da mãe e dos manos!”
Foram meses de luta para esta família portuguesa que ficou conhecida por “família Batazu”, nome que começou a ser usado pelo filho mais novo, Francisco de 3 anos, e que passou a denominar toda a família.
A história do pequeno Tomás
Depois de ter sido submetido a dois tratamentos de quimioterapia em Portugal, precisava de um transplante de medula para vencer a doença. Toda a família – incluindo os pais e os três irmãos – fizeram testes de compatibilidade.
E os resultados trouxeram esperança: a irmã Mariana, de 9 anos, era “100% compatível”. Chegou a ser marcada uma data para realizar o transplante, mas os procedimentos acabaram por ser cancelados porque a leucemia voltou. O transplante só pode ser feito quando a doença estiver em remissão.
O pai Tomás Lamas é médico intensivista no hospital Egas Moniz e na CUF Tejo e, perante a impossibilidade de realizar o transplante, procurou por todo o mundo uma solução para o filho. Encontrou-a em Tel-Aviv, Israel: o Sheba Hospital, o único estabelecimento de saúde a realizar tratamento com células Car-T em crianças.
Em agosto, a família rumou a Israel para realizar o tratamento com células Car-T. O pedido foi remetido à Direção-Geral de Saúde (DGS) que aprovou a realização do tratamento em Israel e, posteriormente, o transplante em Portugal. Os resultados foram positivos: a doença do jovem Tomás ficou em remissão. No entanto, antes de conseguirem realizar o transplante, a leucemia voltou e o transplante acabou por não acontecer.
“Como resultou no passado, vamos fazer novas CART Cells, uma terapêutica que usa o sistema imunitário do Tomás para combater a leucemia sem a toxicidade da quimioterapia”, partilharam em novembro do ano passado. Mas para isso precisavam de conseguir angariar 350 mil euros para pagar o tratamento Cart Cells, seguido de transplante em Israel.
E em apenas quatro dias, e graças à solidariedade de muitas pessoas, conseguiram o valor total.
Tomás estava agora na China, onde já teria começado a fazer tratamentos de quimioterapia, mas acabou por não resistir. Tinha 11 anos.