
Crise na habitação. Quando a casa que se consegue pagar é um quarto de sete metros quadrados
Rendas e casas com valores incomportáveis empurram os jovens para vidas em quartos e imóveis partilhados com estranhos. Nem as instituições arranjam teto para casos sociais urgentes
“O meu nome é Daniel Portugal. Sou professor de guitarra e teoria musical. Tenho 28 anos e quero conseguir viver onde cresci, estou cansado de partilhar casa com desconhecidos e de viver na precariedade.” O e-mail, em jeito de desabafo, chegou a 11 de janeiro à caixa de correio do movimento Casa é um Direito, criado pelo humorista Diogo Faro nas redes sociais para alertar para o estado insustentável da habitação em Portugal. Pediam-se testemunhos para que se percebesse a dimensão do problema, e Daniel identificou-se com a causa. “Lutei por ter outra vida. Tenho um emprego, ganho €1100, €1200 por mês e não consigo alugar uma casa na minha cidade. Cresci em Benfica, sou puro alfacinha e não tenho a liberdade de ter o meu espaço. Tem de haver uma mudança drástica. Pedem quase €1000 por um T0, e fiador e duas ou mais rendas. Não dá, não consigo”, explica.
Vive num quarto de sete metros quadrados na Graça, no último anexo dos cinco que a proprietária do prédio construiu no quintal para arrendamento sem contrato. Quatro são T0 do tamanho de arrecadações, com porta de vidro fosco a servir de única entrada de luz, e estão todos alugados. O último — o de Daniel — tem três quartos, cada um com o seu arrendatário. O espaço tem um ar moderno de hostel, mas perde a graça quando a estada é permanente, a casa de banho é na cozinha e a renda, informal, ascende a €450, com despesas.
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