Juiz Carlos Alexandre vai testemunhar a favor do polícia acusado de agredir Cláudia Simões

Juiz Carlos Alexandre vai testemunhar a favor do polícia acusado de agredir Cláudia Simões

  14 Feb 2023

Carlos Canha prestou serviços de segurança pessoal a Carlos Alexandre por vários anos. Apesar de não ter assistido aos acontecimentos na noite de 19 de janeiro de 2020, o juiz será testemunha abonatória do agente acusado de agredir a cidadã da Amadora

O agente Carlos Canha vai ser julgado por ter agredido Cláudia Simões, uma habitante da Amadora, e contará com o testemunho abonatório do juiz Carlos Alexandre, revela o jornal “Público”. O polícia foi segurança pessoal do magistrado durante vários anos. Carlos Canha está acusado de ofensas à integridade física qualificada, de sequestro agravado – por ter alegadamente detido Cláudia Simões sem razão que o justificasse – e de abuso de poder e injúria. Mas também Cláudia Simões responderá na justiça por agressões ao agente da autoridade.

Apesar de o juiz Carlos Alexandre não ter presenciado o ocorrido, na noite de 19 de janeiro de 2020, será testemunha abonatória de Carlos Canha, devido aos vários anos de relação de prestação de serviços. É que, antes de trabalhar na Esquadra do Casal de São Brás, na Amadora, o agente da polícia pertenceu à Unidade Especial de Polícia e ao Corpo de Segurança Pessoal da PSP.

A 19 janeiro de 2020, no Casal de S. Brás, Amadora, a mulher portuguesa e angolana, de 42 anos, foi protagonista de um incidente num autocarro motivado pela falta do título de transporte da filha. Cláudia Simões foi então algemada e imobilizada pela PSP junto à paragem de autocarros na Rua Elias Garcia, naquela zona. Nesse momento, segundo conta, terá sido agredida pelo agente Carlos Canha, tendo ficado, primeiro, imobilizada pelas pernas do agente dobradas em cima das suas costas e o cabelo agarrado pelas forças da autoridade. Já num segundo momento, terão decorrido agressões e insultos dentro de um carro-patrulha. Com Cláudia Simões algemada, o polícia terá proferido injúrias: “Grita agora, sua filha da p***! Preta! Macacos! Vocês são lixo, uma merda!”

A mulher revela ainda que as forças policiais a deixaram já inconsciente à porta da esquadra, o que o comandante dos Bombeiros da Amadora confirmou. Nas urgências do Hospital Amadora-Sintra, deu entrada às 22h18 daquela noite, com um relatório que a registava como “muito urgente” e que referia que a sua face se encontrava “deformada por hematomas extensos”. E o quadro clínico encontrado confirmava as suspeitas: trauma na face, edema, hematoma e traumatismo cranioencefálico com ferida.

Carlos Canha tem formação em artes marciais e defende-se dizendo que usou as técnicas de imobilização dada a resistência de Cláudia Simões. O polícia também alega ter sido mordido – motivo pelo qual apresentou queixa . e que a mulher “auto-infligiu” os ferimentos de forma consciente, para se libertar.

A luso-angolana será ouvida em tribunal na qualidade de vítima e de agressora, recaindo sobre ela a suspeita do crime de ofensas à integridade física.

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