Adolescentes esfaqueiam jovem trans até à morte. Brianna Ghey tinha 16 anos

Adolescentes esfaqueiam jovem trans até à morte. Brianna Ghey tinha 16 anos

Uma adolescente trans morreu esfaqueada, na tarde de sábado, 11 de fevereiro, num parque na cidade de Warrington, em Inglaterra. Um rapaz e uma rapariga, ambos de 15 anos, foram detidos e interrogados no dia 13 de fevereiro, por suspeitas de envolvimento no crime.

Brianna Ghey tinha 16 anos e, segundo a imprensa britânica, era assídua na rede social TikTok, onde era seguida por milhares de pessoas. A jovem usava a plataforma para se expressar sobre os altos e baixos da sua transição de género, o bullying por parte de transfóbicos que sofria na escola e para empoderar outras pessoas que passassem pelo que ela passava. Horas antes do crime, tinha lançado um vídeo na plataforma.

Quando foi encontrada, no sábado, a jovem ainda estava viva, mas apesar de terem sido acionados os meios de socorro, acabou por falecer no local.

Desde então, mais de 300 pessoas, entre família, amigos e membros da comunidade trans, têm-se juntado em vigília para prestar tributo a uma “muito amada filha, neta e irmã mais nova”. Na segunda-feira, estudantes juntaram-se no parque onde o crime aconteceu, para deixar flores em memória da adolescente.

Próxima de Brianna, Amelia, de Edimburgo, contou à Vice World News que falava com a amiga todos os dias e que ela era uma grande inspiração. “Ela fazia-me sentir imparável e bonita enquanto rapariga trans”, lembra.

“Os procedimentos criminais contra ambos os jovens de 15 anos estão ativos e têm direito a um julgamento justo. É extremamente importante que não haja qualquer cobertura noticiosa, comentário ou partilha online de informação que possa prejudicar estes procedimentos”, pode ler-se em nota numa nota emitida entretanto pelo Ministério Público britânico.

Alguns defensores da comunidade LGBTQIA+ lembraram que, como o governo conservador do país não permite que pessoas trans identifiquem o seu género em documentos oficiais, Brianna deverá acabar com o seu nome morto no atestado de óbito, em vez do nome por si escolhido.

De forma a ajudar a família, amigos recorreram ao GoFundMe para recolher donativos que ajudem nos custos do funeral.

Crimes de ódio e discriminação no Reino Unido

Ainda que este caso não esteja oficialmente sinalizado como crime de ódio (a polícia britânica ainda está a apurar o que aconteceu), as estatísticas oficiais do Governo da Grã-Bretanha, com dados até 2022, indicam que os crimes de ódio registaram um aumento de 26% em relação ao ano anterior. No que diz respeito à comunidade LGBT, especificamente, se em 2019 foram reportados 712 casos, em 2021 o número aumentou para 1109.

A polícia diz que este aumento de casos poderá estar relacionado com a “confiança” que a comunidade começa a ganhar para denunciar os crimes.

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